Se a ratificação do acordo entre a Ucrânia e a União Europeia deixa contentes todos aqueles que batalharam por ele, há também muito ceticismo.<br /><br />O adiamento por dois anos das medidas de comércio livre deixa descontente o partido Pátria, de Yulia Timoshenko. Hryhoriy Nemyria é deputado do partido no parlamento de Kiev: “Criámos um precedente. A Rússia tem, na prática, um poder de veto, ou algum poder de veto, no que toca à escolha soberana da política externa ucraniana. Na prática, este adiamento faz com que várias reformas importantes tenham também de ser adiadas”, diz.<br /><br />O setor financeiro, na Ucrânia, está também preocupado com o que este adiamento pode significar para o futuro económico do país: “Este adiamento da aplicação do tratado diz respeito apenas às tarifas ou tem também a ver com as normas, ou seja, com a aplicação das normas da União Europeia à economia ucraniana? Se é a segunda opção, obviamente é uma questão em aberto, prejudicial para os esforços da Ucrânia em se aproximar da União Europeia”, diz Peter Bobrinsky, diretor do Dragon Capital, maior banco da Ucrânia.<br /><br />Com o comércio livre a entrar em vigor só em 2016, o governo ucraniano conseguiu apaziguar as relações com a Rússia, principal opositora do acordo. O adiamento pode dar àqueles que estão contra o acordo de associação a oportunidade de desviar a Ucrânia deste caminho e levá-la para outro bloco comercial, a união aduaneira com a Rússia.<br /><br />Reportagem do correspondente da euronews em Kiev, Sergio Cantone.
