Na África do Sul, o sistema educativo ainda está a tentar colmatar as divisões criadas pelo apartheid, retratadas por estudantes que nos contam as suas estórias.<br /><br />As matrículas nas escolas sul-africanas aumentaram significativamente. Mas não os recursos e o pessoal qualificado. Na primeira reportagem, vamos ver como alguns estudantes são ajudados para terem melhores oportunidades.<br /><br />A gratuitidade fez disparar as inscrições nas escolas públicas das comunidades mais desfavorecidas da África do Sul. O arranque das aulas pode ser disciplinado, mas muitas vezes estes alunos debatem-se com a desordem, seja através da falta de computadores, de bibliotecas, até de água e luz nas instalações. O investimento na educação neste país é o maior em todo o continente africano. E, no entanto, a África do Sul aparece no final de todos os rankings de desempenho escolar. A Matemática e as Ciências são as disciplinas mais problemáticas. Alguns especialistas apontam o dedo à qualidade do ensino, denunciando fragilidades na formação de professores. Por outro lado, há outras escolas no ensino público onde a realidade é diferente. Mas nessas, o sistema prevê o pagamento de propinas elevadas. Alguns estudantes de meios mais pobres são ajudados por bolsas estatais. Outros conseguem o apoio de ONG’s de acordo com o mérito escolar.<br /><br />As dificuldades continuam também na universidade. A segunda estória assenta no percurso de estudantes sul-africanos na luta para tentar obter um diploma.<br /><br />Muito poucos países apresentam níveis de desigualdade entre classes tão profundos como a África do Sul. Quase metade da população vive abaixo do limiar da pobreza. Muitos continuam a viver nas chamadas “townships”, as áreas suburbanas isoladas pelo apartheid. Para alguns, a universidade representa a saída do círculo vicioso. Mas apenas 15% dos estudantes avança para a universidade e somente 30% sai de lá com um diploma. A Universidade da Cidade do Cabo é uma das mais antigas e prestigiadas do país. Pouco a pouco, o corpo estudantil está a mudar. Os alunos mais desfavorecidos podem beneficiar de bolsas atribuídas pelo Estado ou pela própria universidade.<br /><br />Será que dançar ballet, por exemplo, pode ter um impacto no combate contra estas diferenças? Fomos até Joanesburgo acompanhar os progressos de crianças e jovens provenientes de bairros pobres.<br /><br />O Ballet de Joburg, a maior companhia sul-africana, tornou-se na casa de vários bailarinos promissores. A dança clássica e contemporânea permitiu a alguns deles libertarem-se de preconceitos e, sobretudo, de um destino que já parecia traçado. Thabang integrou o programa de desenvolvimento do Ballet Joburg. Todos os anos, a companhia abre as portas de uma arte tradicionalmente elitista neste país a cerca de 500 crianças das townships. Os professores notam que, para além da evolução na dança, os alunos começam a ter melhores desempenhos na escola. Aqui aprendem a trabalhar a disciplina e a liderança.