Quanto é grato em terra estranha <br />Sob um céu menos querido, <br />Entre feições estrangeiras, <br />Ver um rosto conhecido; <br /> <br />Ouvir a pátria linguagem <br />Do berço balbuciada, <br />Recordar sabidos casos <br />Saudosos — da terra amada! <br /> <br />E em tristes serões d’inverno, <br />Tendo a face contra o lar, <br />Lembrar o sol que já vimos, <br />E o nosso ameno luar! <br /> <br />Certo é grato; mais sentido <br />Se nos bate o coração, <br />Que para a pátria nos voa, <br />P’ra onde os nossos estão! <br /> <br />Depois de girar no mundo <br />Como barco em crespo mar, <br />Amiga praia nos chama <br />Lá no horizonte a brilhar. <br /> <br />E vendo os vales e os montes <br />E a pátria que Deus nos deu, <br />Possamos dizer contentes: <br />Tudo isto que vejo é meu! <br /> <br />Meu este sol que me aclara, <br />Minha esta brisa, estes céus: <br />Estas praias, bosques, fontes, <br />Eu os conheço — são meus! <br /> <br />Mais os amo quando volte, <br />Pois do que por fora vi, <br />A mais querer minha terra, <br />E minha gente aprendi.<br /><br />Antônio Gonçalves Dias<br /><br />http://www.poemhunter.com/poem/minha-terra/