A esplanada das mesquitas é de novo o epicentro da violência em Jerusalém. Apesar de ser um dos locais mais sagrados do Islão e do judaísmo, só os muçulmanos são autorizados a recolher-se lá em oração. <br />Israel estava comprometido em “manter o status quo” para todas as religiões, e acusa os líderes muçulmanos de tentarem mudar as regras. <br /><br />Nos últimos meses, os judeus ortodoxos começaram a reivindicar o direito de rezar no mesmo local, venerado pela sua religião. <br /><br />Numa visita ao Médio Oriente, a chefe da diplomacia europeia alertou para o perigo de eclodir uma nova Intifada.<br /><br />Federica Mogherini – É precisamente por causa do aumento das tensões e do risco de repetição de experiências dramáticas que precisamos, desesperadamente, de fazer avançar o diálogo político.<br /><br />A dimensão religiosa dos últimos acontecimentos complica a situação e inflama as paixões dos dois lados. Quanto ao diálogo político, ao ouvir ambas as partes, compreendemos que está bem longe, pois nenhuma assume a culpa.<br /><br />O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netahyhau, justifica os ataques armados em Jerusalém como resultado da política de incitação do ódio de Mahmud Abbas e dos parceiros do Hamas. Estamos envolvidos numa batalha contínua por Jerusalém e não duvido que vamos ganhar.<br /><br />A declaração foi proferida numa cerimónia em memória de Yitzhak Rabin, na quarta-feira.<br /><br />Mahmud Al-Habash, conselheiro palestiniano para os Assuntos Religiosos, afirmou que a continuação da ocupação da esplanada das mesquitas prenuncia uma guerra religiosa, o que significa que Israel se tornou um inimnigo direto dos muçulmanos em todo o mundo. <br /><br />Se o Hamas apelar aos ativistas para protegerem a esplanada das mesquitas por todos os meios e se os extremistas judeus recusarem aceitar as regras estabelecidas há meio século, nem a Autoridade Palestiniana nem o governo israelita têm interesse em desencadear uma terceira Intifada. <br />Mantém-se o impasse. <br /><br />Mas o risco é bem real, segundo afirmam diferentes observadores. <br />A segunda Intifada, em 2000, também foi desencadeada no mesmo local, quando Ariel Sharon fez uma visita que foi considerada uma provocação pelos palestinianos. O que eclodiu em Jerusalém rapidamente incendiou os ânimos nos territórios palestininos. <br /><br />O conflito atual já se reflete na Cisjordânia, onde se registaram cofrontos ligados aos acontecimentos da Cidade Santa. <br />Entretanto, o principal rabino sefardita de Israel, Yitzhak Yosef, pediu aos judeus para não provocarem conflitos, indo à esplanada das mesquitas, até por ser proibido por Deus.
