Não sofrer menos do que nos destinam, <br />também não pretender mais por orgulho <br />ou virtude - habitar um subúrbio, <br />não escrever versos, ter um crédito <br />de dias malparado, adormecer culpado. <br /> <br />Não viver com mais ironia do que a vida <br />nos alcança, mas não desejar menos, por fadiga. <br />Qualquer sarcasmo seria o pretexto <br />da partida, mas se os cegos voltam ao conforto <br />da concertina, ao livro nocturno, por que decidir? <br /> <br />Nem eriçado de vícios, nem abundante em virtudes, <br />o acordo do senso comum com a sua paixão <br />e aguardar que aconteça o previsível por inesperado; <br />um passado perseguido por precauções e dúvidas, <br />um futuro vulnerável a todos os equívocos. <br /> <br />José Alberto Oliveira
