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Os tradutores afegãos que a França deixou à sua sorte

2016-09-12 1 Dailymotion

Estiveram ao lado das forças francesas frente aos talibãs. Mas, quando as tropas internacionais deixaram o Afeganistão, este grupo de tradutores ficou para trás. Considerados traidores, alvos de ameaças constantes, muito poucos conseguem efetivamente sair do país ou obter um visto por parte de Paris. A jornalista Sandra Calligaro trouxe-nos relatos de quem vive na penumbra de Cabul.<br /><br /> Haroon tem 25 anos. Trabalhou durante 4 como tradutor para o exército francês no Afeganistão. Após um longo processo que se seguiu à retirada das tropas internacionais, Paris concedeu-lhe asilo. “Penso constantemente no período em que trabalhei com os militares. São memórias que ficam”, diz-nos.<br /><br /> Memórias que incluem momentos extremos. “Houve uma altura em que pensei mesmo que íamos morrer. Os rebeldes estavam em cima de nós, numa montanha. Foi muito perigoso. Toda a gente gritava à minha volta. Felizmente conseguimos reagir, acelerámos, continuámos o trajeto e o exército nacional veio em nosso socorro. Senão, tínhamos sido mortos”, conta-nos Haroon.<br /><br /> Scenes from yesterday in #Kabul as ISIL bombers killed 80 at a peaceful Hazara protest https://t.co/mfN18IoRk3 pic.twitter.com/F0TfkTXXyA— Al Jazeera News (@AJENews) 24 juillet 2016<br /> <br /><br /> Mas a guerra ainda não terminou. A rebelião talibã continua. Haroon é considerado um traidor, mas salienta o orgulho por “ter ajudado os militares franceses. Era a minha responsabilidade: trabalhar e cooperar com os militares franceses, com a NATO. Tenho orgulho nisso, não me arrependo de nada.”<br /><br /> No entanto, há um preço a pagar: fugir. A família de Haroon fica para trás.<br /><br /> “Sentimos que os militares franceses nos abandonaram aqui”<br /><br /> Do outro lado de Cabul, encontramos uma estória completamente diferente. A de Najib. Trabalhou para uma rádio criada pelo exército francês, conhecida como “rádio esperança”, na violenta província de Kapisa. Os talibãs já o ameaçaram várias vezes. Vive escondido com a mulher e os dois filhos. <br /><br /> “Chamavam-nos infiéis e diziam que, se nos apanhassem, matavam-nos. Ameaçavam decapitar-nos ou queimar-nos vivos. Costumavam ligar-nos para a rádio e dizer-nos que se, reconhecessem a nossa voz ou a cara, não escaparíamos com vida”, revela.<br /><br /> Apenas um terço dos cerca de 300 tradutores que trabalhavam para a Embaixada de França teve uma resposta positiva ao pedido de asilo.<br /><br /> Ocasionalmente, Najib vai ao encontro doutros antigos intérpretes numa zona de Cabul considerada de alta segurança. Todos se dizem revoltados com o que lhes aconteceu.<br /><br /> “Queremos erguer a nossa voz contra a recusa da França. Queremos que nos expliquem quais são os critérios, porque é que uns puderam partir e nós não? Não é justo. Participámos nas missões militares, estivemos ao lado das forças francesas. Toda a gente aqui sabe quem somos. Sentimos que os militares franceses abandonaram parte das tropas que tinham aqui”, considera Najib.<br /><br /> Em França, um grupo de advogados abriu um processo judicial para inverter esta situação. Najib e os se

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