À medida que as tentativas de cessar-fogo fracassam no Iémen, a crise humanitária amplia-se. Em dois anos, o país conta já mais de 7 mil mortos e 37 mil feridos do conflito que opõe os rebeldes xiitas hutis às forças leais ao presidente, apoiadas pela coligação árabe, liderada pela Arábia Saudita.<br /><br /> Os raides aéreos estão a ter consequências catastróficas para as populações civis. Há dois dias, os raides da coligação liderada pela Arábia Saudita mataram pelo menos 14 pessoas. É mais um ataque a juntar a muitos outros que se têm sucedido.<br /><br /> Uma mulher conta como foi morto o marido: <br />“Ele estava a sair com o carro quando foi atingido por um roquete. Eles dispararam e atingiram o carro. Ficou todo queimado, preso dentro do carro. Nós não soubemos nada até à noite. Disseram-nos que ficou completamente carbonizado”.<br /><br /> O marido de Gomaa foi morto num ataque em Outubro à porta de casa onde vivia com a família. Na segunda-feira, a coligação visou, por erro, um comboio de viaturas carregadas de mercadorias, matando 12 civis, entre os quais uma criança.<br /><br /> Também em outubro, 19 pessoas foram mortas quando um míssil atingiu um hospital. Para o Dr. Ibrahim Ali, membro dos Médicos sem Fronteiras e diretor do hospital, este tipo de ataques é inconcebível:<br />“As coordenadas do hospital estão no GPS da coligação e são atualizadas todos os dias e, apesar disso, o hospital foi atingido e foram mortas aqui 19 pessoas e 24 ficaram feridas. Ainda há pessoas desaparecidas. Nem podemos identificar os corpos porque ficaram desfeitos em pedaços”.<br /><br /> Desde o início do conflito, a maioria das infrestrututras civis do país foram destruídas ou bastante danificadas pelos combates e pelos bombardeamentos. Segundo as Nações Unidas, apenas 45% das estruturas médicas ainda funcionam e dois terços da população não têm acesso a água potável nem a instalações sanitárias.<br /><br /> Para além do flagelo da guerra, o Iémen bate-se agora, também, contra uma epidemia de cólera.<br />