Os defensores do Brexit dão-se conta todos os dias que não é tão fácil como podia parecer o divórcio da Grã-Bretanha da União Europeia. Hoje mesmo, o processo encontrou um novo obstáculo, que chegou pela mão da empresária Gina Miller que, apoiada pelo governo escocês, entre outros, decidiu :https://www.theguardian.com/politics/blog/live/2017/jan/24/supreme-court-article-50-judgement-announces-its-article-50-judgment-politics-live, uma espécie de poder executivo concedido à chefe do governo. E a resposta é não!<br /><br /> “Só o parlamento pode garantir os direitos ao povo e só o parlamento lhos pode retirar. Nenhum primeiro-ministro e nenhum governo pode pretender-se irrefutável ou incontestável. Só o parlamento é soberano”, afirma a queixosa.<br /><br /> A opção por um Brexit duro anunciada na semana passada por Theresa May poderá suscitar uma certa resistência por parte dos deputados que, admitindo que a saída da União Europeia é inevitável, não estão dispostos a passar-lhe um cheque em branco. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, avançou mesmo já com emendas à proposta do governo e criticou: “Posso pedir-lhe que páre de dizer que o Brexit será uma pechincha? Que seremos um paraíso fiscal nas margens da Europa. Porque isso não será necessariamente mau para a União Europeia, mas vai prejudicar os negócios, o emprego e o serviço público nos nosso país”.<br /><br /> Sem vacilar face a este novo obstáculo,Theresa May diz-se pronta a preparar uma lei de emergência antes do final de março, agora que já não pode, como pretendia, recorrer ao artigo 50 para contornar o voto parlamentar.<br />“Confirmo hoje que o governo vai submeter o acordo entre a Grã-Bretanha e a União Europeia ao voto das duas câmaras do parlamento antes da sua entrada em vigor”, declarou.<br /><br /> Os 11 juizes decidiram também, por unanimidade, que os parlamentos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte não têm que ser consultados, uma dor de cabeça a menos para Theresa May. Para Nicole Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, região que votou pela continuidade da União Europeia, a decisão é um duro golpe.<br />