Com Lusa e RTP<br /><br />Uma missão do Fundo Monetário Internacional deverá permanecer em Moçambique durante pouco mais de uma semana para analisar o caso das dívidas ocultas, que lançou Moçambique numa crise económica e financeira sem precedentes nas últimas décadas.<br /><br />Foi em abril de 2016 que rebentou o caso das dívidas ocultas, quando foi descoberta uma série de empréstimos a várias empresas públicas no valor de quase 2 mil milhões de euros.<br /><br />O empréstimos, levados a cabo entre 2013 e 2014, foram feitos à revelia do parlamento moçambicano e ignorando as diretrizes dos parceiros internacionais, tendo beneficiado e as empresas controladas pelos Serviços de Informações e Segurança do Estado (SISE). <br /><br />Se a dívida de cerca de 556 milhões de euros da Ematum era conhecida, as dívidas de 545 milhões da Proindicus e os mais de 470 da MAM não o eram.<br /><br />Depois da pressão do FMI, o Executivo moçambicano prometeu mais transparência. Os parceiros decidiram que o Orçamento de Estado moçambicano apenas poderia voltar a beneficiar das ajudas depois feita uma auditoria independente ao caso.<br /><br />Relatório Kroll fala em falta de transparência<br /><br />Agora, o Fundo Monetário Internacional diz que, depois de uma auditoria sobre o assunto, existem ainda importantes lacunas em termos de dados, especialmente no que diz respeito ao uso dado aos empréstimos.<br /><br />A consultora Kroll, responsável pelo relatório, cujo sumário foi dado a conhecer em junho, queixou-se de falta de colaboração dos responsáveis quando foi necessário fornecer informação sobre o destino dos fundos.<br /><br />No relatório, há acusações de má gestão e de violação das leis nacionais, ainda que não tenham sido dados a conhecer nomes dos responsáveis. <br /><br />O estudo define ainda os planos de negócio das empresas em causa como desastrosos e irrealistas.<br /><br />Uma missão para discutir o que pode ser feito<br /><br />A missão do FMI tem como objetivo a discussão dos resultados do relatório Kroll, assim como a po ssibilidade de trabalhar com as autoridades moçambicanas a melhoria da gestõ dos recursos públicos. <br /><br />O Fundo deverá também reavaliar a situação macroeconómica e discutir as prioridades para o Orçamento de Estado do próximo ano.<br /><br />A inflação moçambicana subiu*25%* em 2016, agravando a vida dos cidadõs de um dos países mais pobres do mundo.<br />