Os Manguezais e o fim das Comunidades de Palafitas (1998)<br />Medo do fim das palafitas<br /><br />A implantação do Projeto Terra em Santo Antônio tem deixado os moradores das áreas de palafitas inseguros. Eles temem ser removidos da região onde formaram suas famílias.<br /><br />A auxiliar de enfermagem, Carmen Santos Salles, acredita que, apesar da boa intenção do projeto de melhorar as condições de moradia das famílias, a falta de discussão clara sobre a proposta tem gerado muita insegurança.<br /><br />Desde 1989, os moradores reivindicam a urbanização do espaço. "As administrações municipais alegavam falta de recursos", informou Carmen.<br /><br />Mais tarde, segundo a moradora, esta urbanização foi inviabilizada com a proibição de aterramento em áreas de preservação permanente - como os manguezais.<br /><br />As dúvidas dos moradores são muitas. Eles querem saber onde serão instaladas as famílias, se as pessoas terão de pagar pela nova moradia e quem terá direito sobre a área depois de concluído o projeto.<br /><br />Diante da situação e da insegurança, os moradores estão dispostos a lutar. "O marisco é importante, mas o ser humano também. Não chegamos no local ontem. Tirar a gente daqui é arrancar nossas raízes", desabafou Carmen.<br /><br />Os moradores concordam, no entanto, com a necessidade de controle sobre as ocupações. Mas, em vez da remoção, eles defendem a urbanização.<br /><br />Uma das propostas da comunidade é o reordenamento da área com o recuo de algumas palafitas que avançaram mais em direção ao mar.<br /><br />"Este trabalho pode ser feito através de uma parceria entre os moradores, que irão construir suas casas fazendo mutirão, e entre a Prefeitura de Vitória, que doaria material de construção", explicou um morador.<br /><br />De acordo com o arquiteto da Administração Regional II da Prefeitura de Vitória, Douglas Cerqueira Gonçalves, a proposta habitacional da área ainda não foi definida, pois aguarda a conclusão do projeto urbano que prevê a delimitação da maré com objetivo de preservação ambiental.<br /><br />Em fase de licitação, o projeto estará concluído em janeiro. "Se haverá remoção e quais os critérios são assuntos que devem ser discutidos com a comunidade", garantiu.
