Ofensas ocorreram na frente do filho do casal; vítimas registraram parte da agressão em vídeo e criticam omissão da polícia<br /><br />Um casal de mulheres foi alvo de ofensas homofóbicas dentro de um supermercado no bairro Nova Suíssa, na região Oeste de Belo Horizonte, na manhã deste domingo (8). A agressão verbal ocorreu na fila do caixa e foi parcialmente registrada em vídeo pelas vítimas. Ninguém foi preso até o momento.<br /><br />Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, o episódio começou após um casal posicionado atrás das vítimas na fila ironizar o fato de as mulheres estarem com o filho de sete anos, em processo de adoção. As agressões teriam se intensificado com frases depreciativas sobre “duas mães” e, em seguida, um empurrão com o carrinho de compras.<br /><br />Após novo empurrão, o homem iniciou uma série de insultos com teor homofóbico. “Sapatão, filha da p*, é isso que você é. Você não gosta de se passar por homem?”, gritou. Parte das falas foi registrada em vídeo. O autor foi identificado como Paulo Henrique Mariano Cordeiro, de 35 anos, e a mulher como Graciana Alves da Silva, de 47.<br /><br />O casal vítima acionou a segurança do supermercado, que orientou a busca imediata pela polícia. Uma das mulheres correu até uma viatura próxima e dois policiais foram até o local. O caso foi registrado como injúria e encaminhado à 3ª Delegacia da Polícia Civil da capital.<br /><br />As vítimas criticaram a condução da ocorrência. Segundo elas, os agressores tentaram minimizar a situação com risos e chegaram a sugerir que também tinham sido ofendidos. Elas também afirmam que os policiais não solicitaram oficialmente os vídeos nem conduziram os agressores à delegacia, mesmo com a gravação das ofensas.<br /><br />“Não aceitamos desculpas. O que aconteceu ali foi um crime, e vamos seguir com as medidas legais”, disseram. O filho do casal, diagnosticado com TDAH e em avaliação para autismo, ficou em choque e passou a relatar o episódio horas depois. “Ele ficou mudo, olhando tudo sem reação”, relataram as mães, que estão juntas há 10 anos e preferem manter a identidade preservada por segurança.<br /><br />O casal informou que pretende ingressar com ações judiciais contra os agressores por homofobia, danos morais e omissão das autoridades. A Polícia Civil informou que aguarda a ida das vítimas à delegacia para dar prosseguimento ao caso.<br /><br />Homofobia é crime no Brasil<br />Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal equiparou atos de homofobia e transfobia ao crime de racismo. A pena pode chegar a cinco anos de prisão. Em casos de injúria qualificada por homofobia, a punição pode ser de um a três anos de reclusão, além de multa, conforme o artigo 140 do Código Penal, com a qualificadora da Lei nº 14.532/2023.<br /><br />A rede Supermercados BH, em nota, lamentou o episódio e declarou que repudia qualquer forma de discriminação, reafirmando seu compromisso com um ambiente seguro, diverso e respeitoso.<br /><br />